Constante movimento
é isto que define tudo aquilo à minha volta,
tudo em constante movimento,
não param os metros,
os autocarros,
os carros,
táxis,
não param as pessoas.
Estudantes,
trabalhadores,
cidadãos anónimos apressados
passam nas ruas que percorro todos os dias
ruas diferentes todos os dias
tudo por causa dos rostos diferentes que as atravessam.
Já parei um minuto para pensar
e é sempre tudo fraccionário,
em fracções de segundo,
milhões de movimentos,
em que apenas reparamos
numa pequena fracção de rostos
e apenas numa fracção de um momento
para depois os perdermos novamente na multidão,
é como se num segundo conhecêssemos uma vida
para a esquecermos no minuto seguinte.
Parece impessoal,
mas é natural,
estamos destinados a passar por milhões de caras
e reconhecermos apenas 1 ou 2 na multidão.
No entanto,
fica a dúvida:
será que naquele conjunto de rostos
nos escapou alguém,
alguém que valia a pena conhecer melhor,
alguém que podia vir a ser mais do que um rosto anónimo na rua,
mas o momento passou,
e aquela cara perdeu-se na multidão
outra vez,
provavelmente nunca a vou voltar a ver
mas se voltar
e se me lembrar
já não será um rosto anónimo,
mas sim uma cara que conheço,
uma cara que já vi passar por mim
enquanto o metro chegava.
Sem comentários:
Enviar um comentário