Olho pela janela do comboio
tudo se move à velocidade do som,
esse som de locomotiva a motor.
Sai vapor,
o comboio pára.
Um remoinho de gente
que entra e que sai
traz novos rostos,
todos diferentes
todos passageiros
desta junção de carruagens.
Recomeça a marcha,
rumo ao Entroncamento,
essa junção infindável de linhas
que parece não ter fim
onde destinos se cruzam por breves instantes
sem sequer disso darmos conta.
Continua a viagem
e contemplo aquela linha lá ao fundo,
onde horizonte se projecta
e tudo o resto desaparece.
Queria tanto perder-me nela,
deixar tudo para trás
e ir de encontro a ela
para nunca mais voltar.
Perder a vida a procurar
e descobrir se há algo além dela
atravessando oceanos, continentes, homens,
só para poder saber
se há algo além da linha,
Algo para se ver.
No entanto, estou presa.
O peso das responsabilidades recai sobre os meus ombros
e não consigo libertar-me dele.
É uma sina
que devo cumprir
mas foi a sina
que escolhi seguir
e por isso sou-lhe fiel,
por isso divago, sonho, imagino,
enquanto olho pela janela,
o que há para além dessa linha,
que me faz achá-la tão bela.
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