Constante movimento
é isto que define tudo aquilo à minha volta,
tudo em constante movimento,
não param os metros,
os autocarros,
os carros,
táxis,
não param as pessoas.
Estudantes,
trabalhadores,
cidadãos anónimos apressados
passam nas ruas que percorro todos os dias
ruas diferentes todos os dias
tudo por causa dos rostos diferentes que as atravessam.
Já parei um minuto para pensar
e é sempre tudo fraccionário,
em fracções de segundo,
milhões de movimentos,
em que apenas reparamos
numa pequena fracção de rostos
e apenas numa fracção de um momento
para depois os perdermos novamente na multidão,
é como se num segundo conhecêssemos uma vida
para a esquecermos no minuto seguinte.
Parece impessoal,
mas é natural,
estamos destinados a passar por milhões de caras
e reconhecermos apenas 1 ou 2 na multidão.
No entanto,
fica a dúvida:
será que naquele conjunto de rostos
nos escapou alguém,
alguém que valia a pena conhecer melhor,
alguém que podia vir a ser mais do que um rosto anónimo na rua,
mas o momento passou,
e aquela cara perdeu-se na multidão
outra vez,
provavelmente nunca a vou voltar a ver
mas se voltar
e se me lembrar
já não será um rosto anónimo,
mas sim uma cara que conheço,
uma cara que já vi passar por mim
enquanto o metro chegava.
sábado, 11 de dezembro de 2010
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
A linha
Olho pela janela do comboio
tudo se move à velocidade do som,
esse som de locomotiva a motor.
Sai vapor,
o comboio pára.
Um remoinho de gente
que entra e que sai
traz novos rostos,
todos diferentes
todos passageiros
desta junção de carruagens.
Recomeça a marcha,
rumo ao Entroncamento,
essa junção infindável de linhas
que parece não ter fim
onde destinos se cruzam por breves instantes
sem sequer disso darmos conta.
Continua a viagem
e contemplo aquela linha lá ao fundo,
onde horizonte se projecta
e tudo o resto desaparece.
Queria tanto perder-me nela,
deixar tudo para trás
e ir de encontro a ela
para nunca mais voltar.
Perder a vida a procurar
e descobrir se há algo além dela
atravessando oceanos, continentes, homens,
só para poder saber
se há algo além da linha,
Algo para se ver.
No entanto, estou presa.
O peso das responsabilidades recai sobre os meus ombros
e não consigo libertar-me dele.
É uma sina
que devo cumprir
mas foi a sina
que escolhi seguir
e por isso sou-lhe fiel,
por isso divago, sonho, imagino,
enquanto olho pela janela,
o que há para além dessa linha,
que me faz achá-la tão bela.
tudo se move à velocidade do som,
esse som de locomotiva a motor.
Sai vapor,
o comboio pára.
Um remoinho de gente
que entra e que sai
traz novos rostos,
todos diferentes
todos passageiros
desta junção de carruagens.
Recomeça a marcha,
rumo ao Entroncamento,
essa junção infindável de linhas
que parece não ter fim
onde destinos se cruzam por breves instantes
sem sequer disso darmos conta.
Continua a viagem
e contemplo aquela linha lá ao fundo,
onde horizonte se projecta
e tudo o resto desaparece.
Queria tanto perder-me nela,
deixar tudo para trás
e ir de encontro a ela
para nunca mais voltar.
Perder a vida a procurar
e descobrir se há algo além dela
atravessando oceanos, continentes, homens,
só para poder saber
se há algo além da linha,
Algo para se ver.
No entanto, estou presa.
O peso das responsabilidades recai sobre os meus ombros
e não consigo libertar-me dele.
É uma sina
que devo cumprir
mas foi a sina
que escolhi seguir
e por isso sou-lhe fiel,
por isso divago, sonho, imagino,
enquanto olho pela janela,
o que há para além dessa linha,
que me faz achá-la tão bela.
Porto I
Porto,
um mistério no início
cidade que aprendo
e apreendo
pouco a pouco.
Conheço os seus gestos
encontro semelhanças
mas, sobretudo, diferenças:
nas gentes
nas palavras
nas vozes da rua
no sotaque que tudo acentua.
E vou assim descobrindo todo o mistério
e começo a entrar no ritmo citadino
com uma francesinha e um fino
embrenho-me na tradição
e adapto-me à invicta,
à cidade do Dragão que,
passo a passo,
se entranha no meu coração.
um mistério no início
cidade que aprendo
e apreendo
pouco a pouco.
Conheço os seus gestos
encontro semelhanças
mas, sobretudo, diferenças:
nas gentes
nas palavras
nas vozes da rua
no sotaque que tudo acentua.
E vou assim descobrindo todo o mistério
e começo a entrar no ritmo citadino
com uma francesinha e um fino
embrenho-me na tradição
e adapto-me à invicta,
à cidade do Dragão que,
passo a passo,
se entranha no meu coração.
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