sábado, 11 de dezembro de 2010

Rosto anónimo

Constante movimento
é isto que define tudo aquilo à minha volta,
tudo em constante movimento,
não param os metros,
os autocarros,
os carros,
táxis,
não param as pessoas.
Estudantes,
trabalhadores,
cidadãos anónimos apressados
passam nas ruas que percorro todos os dias
ruas diferentes todos os dias
tudo por causa dos rostos diferentes que as atravessam.
Já parei um minuto para pensar
e é sempre tudo fraccionário,
em fracções de segundo,
milhões de movimentos,
em que apenas reparamos
numa pequena fracção de rostos
e apenas numa fracção de um momento
para depois os perdermos novamente na multidão,
é como se num segundo conhecêssemos uma vida
para a esquecermos no minuto seguinte.
Parece impessoal,
mas é natural,
estamos destinados a passar por milhões de caras
e reconhecermos apenas 1 ou 2 na multidão.
No entanto,
fica a dúvida:
será que naquele conjunto de rostos
nos escapou alguém,
alguém que valia a pena conhecer melhor,
alguém que podia vir a ser mais do que um rosto anónimo na rua,
mas o momento passou,
e aquela cara perdeu-se na multidão
outra vez,
provavelmente nunca a vou voltar a ver
mas se voltar
e se me lembrar
já não será um rosto anónimo,
mas sim uma cara que conheço,
uma cara que já vi passar por mim
enquanto o metro chegava.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A linha

Olho pela janela do comboio
tudo se move à velocidade do som,
esse som de locomotiva a motor.
Sai vapor,
o comboio pára.
Um remoinho de gente
que entra e que sai
traz novos rostos,
todos diferentes
todos passageiros
desta junção de carruagens.
Recomeça a marcha,
rumo ao Entroncamento,
essa junção infindável de linhas
que parece não ter fim
onde destinos se cruzam por breves instantes
sem sequer disso darmos conta.
Continua a viagem
e contemplo aquela linha lá ao fundo,
onde horizonte se projecta
e tudo o resto desaparece.
Queria tanto perder-me nela,
deixar tudo para trás
e ir de encontro a ela
para nunca mais voltar.
Perder a vida a procurar
e descobrir se há algo além dela
atravessando oceanos, continentes, homens,
só para poder saber
se há algo além da linha,
Algo para se ver.
No entanto, estou presa.
O peso das responsabilidades recai sobre os meus ombros
e não consigo libertar-me dele.
É uma sina
que devo cumprir
mas foi a sina
que escolhi seguir
e por isso sou-lhe fiel,
por isso divago, sonho, imagino,
enquanto olho pela janela,
o que há para além dessa linha,
que me faz achá-la tão bela.

Porto I

Porto,
um mistério no início
cidade que aprendo
e apreendo
pouco a pouco.
Conheço os seus gestos
encontro semelhanças
mas, sobretudo, diferenças:
nas gentes
nas palavras
nas vozes da rua
no sotaque que tudo acentua.
E vou assim descobrindo todo o mistério
e começo a entrar no ritmo citadino
com uma francesinha e um fino
embrenho-me na tradição
e adapto-me à invicta,
à cidade do Dragão que,
passo a passo,
se entranha no meu coração.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

(literally) Out of myself

Se perguntarem por mim,
digam que estou fora de mim,
não basta dizer que não estou bem,
não vale a pena dizer que ignorei,
estou fora,
noutra dimensão,
desliguei:
o mundo cá fora para mim é um eco distante
que não é,
nem de perto, nem de longe,
perfurante,
talvez irritante.
Não,
não estou a ignorar,
só estou a deixar,
por breves momentos,
de ouvir a confusão do momento
e entrar num sossego reconfortante
como uma melodia suave
que me envolve no seu manto
e me tapa o mundo em redor.
Se estou fora de mim
vais-me ver assim:
olhos apáticos
boca fechada
com a cabeça no lugar
mas a mente a flutuar.
Parece loucura?
Pois parece,
mas assim acontece,
não me podem censurar,
não tenho culpa,
assim sou,
não sei como mudar....

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Uma chapada da realidade

De um momento para o outro caí-se na realidade
começa a surgir um ímpeto tentador
de deixar tudo para trás
deixar para trás a dor,
depois ouço aquela música
que me lembra daquele passado
em que a realidade era outra
e os tempos eram outros,
tudo era outra coisa
diferente do que é agora.
E lembro-me de tudo,
um flashback assombra-me,
não o quero ver,
mas ele continua a passar à frente dos meus olhos...
PARA! Não quer parar!
(vou mudar a música...)
(...)
Parou
Mas as coisas não param de mudar,
não têm um botão de pausa
(Às vezes preferia que tivessem...)
A vida muda,
caímos em nós e acordamos para a realidade
que não é boa,
nada do que nos impingem nos dias de hoje é bom,
não há finais felizes
já não há heróis
D.Sebastião tarda a vir,
e ninguém faz nada para parar isto.
Parar o tempo, era só o que eu pedia
por um dia
para poder consertar as coisas,
mas o tempo não para,
ninguém o comanda
embora quisessem...
Crise,
Défice,
Saudades,
Distância,
Amor,
Finais felizes,
Paz,
Guerra,
Apocalipse,
Tudo passa na minha cabeça
um slideshow interminável
mas a vida é mais que isso,
pelo menos tento acreditar nisso,
uma utopia talvez,
mas espero que não.
(Desejo que não...)

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Distância

Distância,
Uma palavra tão simples
e no entanto complexa.
As coisas que eram importantes
deixam de o ser
pouco a pouco
leva-as a maré,
o vento,
a história começa de novo,
como se fosse "in medias res".
Novas prioridades
impostas por novos objectivos,
novas cidades,
caras novas que parecemos ter visto
algures noutro lugar
mas que em nada se assemelham
àquelas que antes víamos...
A solidão
é uma constante
Desistir torna-se uma tentação
mas é preciso dizer não,
arregaçar as mangas,
pensar que será mais fácil
apesar de nunca realmente o ser,
mas tem que ser assim,
de outra maneira
seremos sempre os mesmos,
sempre inúteis corpos sem alma
vagueando nas entranhas desta cidade.
As caras tão próximas,
cada vez mais longe,
é necessário ver novas caras!
Procurar abrigo em porto estrangeiro
mas seguro.
Se é difícil?
Claro que é difícil,
mas "o sofrimento é passageiro
e desistir é para sempre" .

sábado, 2 de outubro de 2010

Vida de Caloira

Caloira,
faça fila!
Caloira,
de quatro, já!
Agora de três!
Cabeça no chão!
Levanta os pés!
Caloira,
põe-te de dois,
tira o sapato,
troca-o com o teu colega,
sobe à árvore,
canta o "Amarelo",
agora o "Vamos Acordar"
e agora corre a cantar!
Caloirada,
tudo de prancha!
Rápido!
Um,
raiz de dois,
dois,
Nepper,
três,
quatro,
Tudo de dois novamente,
façam equipas,
vamos jogar bowling,
melhor, ao assalto ao castelo!
Caloira,
Abraça o teu colega,
Caloirada,
estão a ouvir?
Sim senhor doutor!
Avé excelentíssimo e dignissimo dux
quorum praxis te salut!
Caloiros,
a hierarquia, já!
Besta,
Caloiro,
Cão,
Pastrano...
Parem!
Tudo sentado!
Amanhã vamos às caves,
depois a festa do caloiro
e depois, quem sabe,
o baconal!
Mas têm que merecer!!

Vida de caloira é assim...

domingo, 19 de setembro de 2010

Esternocleidomastoideu

Caros leitores,
Começa agora uma nova etapa na minha vida e com isto entro num novo mundo: A UNIVERSIDADE.

O Esternocleidomastoideu representa apenas uma pequena parte da vasta anatomia do nosso corpo que terei que estudar durante os vários anos que se apresentam à frente e que me irá certamente dar muita dor de cabeça mas que, penso eu,irá ser coisa interessante .

Mas perguntam vocês: porquê o esternocleidomastoideu?

Bem, o esternocleidomastoideu, segundo a famosa Wikipedia "é um músculo da face lateral do pescoço, na região anterolateral. É o principal flexor do pescoço. Largo e robusto, é constituído, no tramo torácico, por duas cabeças: a esternal e a clavicular. É inervado pelo nervo espinal, nervo CXI. Este músculo permite três acções diferentes: a rotação da cabeça para o lado contrário, a inclinação lateral, e uma leve extensão da cabeça."

Enfim, como podem verificar, é um músculo de grande importância. Eu podia dizer-vos que escolhi este nome para o meu novo blogue porque a extensão da cabeça que este músculo permite tem o significado de conseguirmos ver mais longe, ver mais além, mas não, não foi por isso que eu o escolhi. Simplesmente hoje vi a exposição Bodies e gostei do nome que tem particular fama devido ao filme "Canção de Lisboa" onde aparece associada ao famoso Vasco Santana que representa o papel de um estudante de Medicina, tal como eu agora sou!

Se é bonito? Eu acho que sim! Não gostam, acham que é esquisito? Olhem temos pena! Eu gostei! xD

As coisas mudaram, eu mudei, sou uma Moura no Norte e uma coisa é certa: esta Moura vai fazer o melhor que pode e mostra-vos de que massa é feita e que ideias pairam na sua cabecinha de vento!

Enjoy...