sábado, 19 de maio de 2012

(I)mundo [I]

Fecho-me dentro de mim mesma
sou guardiã dos meus próprios portões,
sou eu quem decide quem entra e saí.
Neste meu mundo que poucos conhecem
e os que conhecem não sabem no fundo como é viver assim,
num turbilhão de emoção, acontecimentos,
num construir incessante de momentos.
Esses (momentos) procuro-os,
como um caçador atrás da presa,
agarro-os com as minhas mãos nuas
devoro-os à medida que passam.
Bebo sabedoria dos erros que faço,
das vivências que passo,
das pessoas que conheço e que tanto me dizem
às vezes sem precisar de dizer nada.

Vivo assim, sozinha,
mas a solidão é minha companheira neste caminho
com a qual já não me importo de o partilhar,
(embora tivesse lutado contra esta tanto tempo)
sei agora que é necessária
e sinto-me bem na sua companhia
pois percebi que estar sozinha
não é o mesmo que ser esquecida
embora sejam um tanto ou quanto semelhantes.

Abre-se a porta e entra quem eu deixo passar,
às vezes não é fácil,
uma coisa é falar,
outra é conseguir entrar neste mundo
em que só eu passeio nos fins de tarde,
como uma criança à beira mar
que absorve tudo à sua volta.

E sair?
A porta é a serventia da casa,
está aberta a quem quiser sair,
não obrigo ninguém a estar aqui,
mas posso obrigar alguém a ir embora
este é o meu território
e quem não está bem agora
ou se habitua
ou nunca o fará.

Se parece complicado?
Pois, de facto é,
mas não teria a mesma graça se assim não fosse.
É um desafio para quem tenta romper as minhas defesas pela 1º vez
mas uma vez feito
não à volta a dar
para sempre aqui vai ficar
vai ser mais uma daquelas pessoas
como as outras que já me tentaram e tentam ensinar
no entanto única
como um grão de areia azul no meio do mar.


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